São Paulo – Máscaras caseiras com no mínimo duas camadas de tecido de trama fechada, 100% algodão, que cubram a boca e o nariz, sem espaços nas laterais, protegem sim contra o Coronavírus. A polêmica, que já parecia superada, voltou à tona. Isso porque o governo da França proibiu o uso dessas máscaras em público. O decreto, publicado no último dia 22 de janeiro, foi justificado pelas novas variantes do Sars-Cov-2, consideradas mais contagiosas. A Áustria e o estado alemão da Bavária também passaram a obrigar, no transporte público e em lojas, o uso de máscaras com maior fator de proteção.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, as máscaras caseiras são eficientes, desde que feitas com o material adequado e utilizadas da forma correta. As de crochê, que entraram na moda, não são seguras, por exemplo. A OMS destaca que as máscaras de tecido podem ser usadas por todas as pessoas com menos de 60 anos que não têm problemas de saúde específicos. E informa que a agência está em contato com autoridades de saúde de vários países para revisar as regras, se necessário. A Academia Francesa de Medicina criticou a medida do governo.

O médico infectologista Caio Rosenthal lembra que as máscaras de tecido são aceitas no mundo inteiro. E ensina um truque. “Coloque a máscara contra a luz. Se tapa a luz, funciona muito bem contra o Coronavírus”, explica. “O que não pode é um tecido trançado, bordado, de tricô, onde perpassa o vento, o ar, a tosse, o que a gente respira.”

Máscaras protegem – O coordenador do Observatório Covid-19 Fiocruz, Carlos Machado de Freitas, considera “absolutamente necessário” não só ampliar o uso de máscaras em larga escala, como também manter medidas de distanciamento físico e social. O pesquisador cita estudo realizado no Japão sobre a eficácia das máscaras. “Quando apenas um utiliza máscara há uma redução de metade do seu efeito de barreira. Máscaras caseiras, com apenas um utilizando, reduziram de 20% a 40% o risco de contágio.” Quando dois utilizam, a proteção duplica.

Para o médico infectologista Alexandre Padilha, também não há dúvida sobre a importância do uso generalizado de máscara. “Lógico que estamos falando de níveis de proteção diferentes para graus de exposição diferentes”, considera. “Não podemos comparar a necessidade de proteção de profissionais que trabalham em UTI, pronto-socorro, que têm contato direto com pacientes expelindo aerossóis, com a proteção necessária para você sair e fazer uma caminhada, ir ao supermercado, fazer uma atividade fora de casa, ou mesmo para andar em transporte coletivo que estejam com as janelas abertas.”

O ex-ministro da Saúde explica que quanto mais se permanece em ambiente fechado, ou com pessoas com sintomas da covid-19, maior deve ser o nível de proteção. “As autoridades sanitárias reforçam o uso de máscaras caseiras, para o uso caseiro, o uso comunitário, não para trabalhadores da saúde. Essas máscaras reduzem, sim, o risco de transmissão.”

Atenção ao bom uso máscaras caseiras

A proteção é garantida não só pelo uso isolado da máscara. “Lógico que não adianta usar a máscara de forma incorreta. Ou não lavar as mãos, não usar álcool gel. Ou participar de aglomerações, tirar a máscara o tempo todo. Se expor se alimentando junto com outras pessoas de forma aglomerada. A proteção que é garantida com a máscara precisa estar combinada com essas outras medidas”, ressalta Padilha.

Coordenadora da Comissão de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica do Conselho Nacional de Saúde, a conselheira Débora Melecchi alerta para o uso incorreto da máscara. “Infelizmente a gente vê as pessoas colocando no pescoço, põe na mesa e coloca de volta no rosto”, lamenta. “E não é só o uso de máscara. Tem de ter o distanciamento de pelo menos um metro e meio. Não posso estar de máscara e ficar em grupos conversando”, reforça.

A farmacêutica confirma a eficácia das máscaras caseiras e ressalta: “tem muitas costureiras trabalhando com isso, para o próprio sustento. Isso também é muito importante”.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações Rede Brasil Atual (www.redebrasilatual.com.br )  

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