Desde o começo do século, a sociedade civil e diversas entidades da saúde têm trabalhado pela campanha de Novembro Azul, cujo objetivo é conscientizar a população sobre a saúde do homem e os riscos de desenvolvimento de algumas doenças em especial, como o câncer de próstata. De lá para cá, a iniciativa tem ajudado a aumentar o conhecimento em torno do tumor que afeta essa glândula do sistema genital masculino, localizada na frente do reto e embaixo da bexiga urinária.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Estima-se que, durante o triênio 2020-2022, aparecerão mais de 65 mil¹ novos casos dessa doença no país – o que equivale a 62,95 casos para cada 100 mil homens.
Para ajudar a informar a população e desmistificar o câncer de próstata, o comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) esclarece alguns mitos e verdades sobre a doença.
Confira:
O câncer de próstata só aparece em homens idosos
Mito – apesar de ser bem mais incidente na terceira idade, uma vez que 75% dos casos ocorrem em homens a partir dos 65 anos, a doença também pode aparecer em jovens. Por isso, homens de todas as idades devem atentar-se aos fatores de risco e diante de sinais como sangue na urina ou sêmen; dor ao urinar; jato urinário mais fraco; sensação de esvaziamento incompleto da bexiga; dor óssea, entre outros não habituais, procurar ajuda médica com urgência.
Exame de toque retal só deve ser feito depois dos 50 anos de idade
Mito – a indicação dos exames que ajudam a diagnosticar o câncer de próstata deve seguir a orientação médica, que leva em consideração o histórico de cada paciente. Testes como o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal, que são complementares, podem ser solicitados pelo médico partir dos 45 anos de idade ou, às vezes, até mais cedo.
Exame de toque retal dói
Mito – o exame de toque retal é totalmente indolor. O procedimento é feito manualmente por um médico urologista, que utiliza o dedo indicador para tocar a próstata e sentir se houve crescimento do órgão ou alguma alteração na região. O exame dura em torno de 15 a 20 segundos, e é importante frisar que sua realização não tem qualquer relação com a sexualidade do paciente.
Obesidade e sedentarismo são fatores de risco para o câncer de próstata
Verdade – esses fatores estão diretamente ligados a alterações do metabolismo, bem como a ingestão em excesso de alimentos processados, corantes, excesso de açúcares e outros condimentos. Essas alterações podem levar a mutações que dão origem a células cancerígenas. Manter uma rotina de atividades físicas e dieta equilibrada ajudam a desinflamar o corpo, evitar altos níveis de gordura e, por consequência, diminuem a possibilidade de mutações do metabolismo.
Câncer de próstata não tem relação com a orientação sexual
Verdade – nenhum tipo de relação sexual é causa ou fator de prevenção para o câncer de próstata, seja ela heteronormativa ou homossexual. No caso de pessoas nascidas homens, mas que passaram pelo processo de redesignação sexual, o exame de próstata deve ser mantido, uma vez que o órgão geralmente não é retirado em cirurgias de redesignação. O exame de toque retal e PSA devem ser mantidos nessa população, seguindo os mesmos critérios já citados acima.
O tratamento do câncer de próstata causa impotência sexual
Depende – geralmente, após o tratamento do câncer de próstata, a maioria dos homens costuma manter suas funções sexuais de forma regular. Mas, em alguns casos, dependendo da localização e do tamanho do tumor a ser tratado, pode ocorrer alguma lesão dos nervos que rodeiam a próstata e controlam a ereção. Mesmo com pequenas possibilidades de disfunção, com o tempo e com tratamentos auxiliares, é possível recuperar a capacidade de ereção peniana.
Vasectomia causa câncer de próstata
Mito – não há fator de risco e nem relação direta entre o processo de vasectomia e o surgimento de câncer de próstata.
Câncer de próstata é hereditário
Mito – apesar de o fator hereditário estar relacionado ao surgimento do câncer de próstata, podendo dobrar as chances de desenvolvimento da neoplasia para aqueles que tem parentesco de primeiro grau com pacientes da doença, nem todo mundo com histórico familiar necessariamente sofrerá com o câncer de próstata. Há diversos fatores que podem contribuir com o seu desenvolvimento, indo muito além da predisposição genética.
“O câncer de próstata tem grandes chances de cura, se diagnosticado no início. Dependendo do estágio da doença, o tratamento pode incluir cirurgia para remoção do tumor e radioterapia. Para casos mais avançados, pode ser combinada a terapia hormonal. Não deixe de frequentar consultas médicas e realizar exames de rotina”, completa o médico Igor Morbeck.
Para mais informações sobre o câncer de próstata, confira o infográfico da SBOC: https://sboc.org.br/prevencao/item/2105-novembro-azul.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações Imprensa SBOC