Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), iniciava reunião para decidir sobre os juros nos próximos 45 dias, centrais e movimentos sociais foram à Avenida Paulista para pedir redução da taxa. Parte dos manifestantes, que se concentraram diante da sede do BC, pediu a saída do presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A intenção do protesto foi mostrar que o atual nível dos juros prejudica a economia e a população.

Nesse sentido, quase ao final de duas horas de ato, por volta de meio-dia desta terça-feira (21), o presidente da CUT, Sérgio Nobre, chamou o chefe do BC de “sabotador do Brasil”. “Nós vencemos as eleições em outubro para mudar o nosso país. E com esses juros não é possível”, afirmou. A decisão sobre a Selic sai nesta quarta-feira, dia 22  à noite.

Juros encarecem a economia – Campos Neto está no comando do BC desde 2019. Foi indicado pelo ex-presidente da República e atuou durante muito tempo no sistema financeiro, nos bancos Bozano Simonsen e Santander. Ele tem mandato até o final deste ano. “Até lá, vamos ter que ficar com a política econômica do Paulo Guedes, do Bolsonaro?”, questionou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, referindo-se à política monetária. “Juros altos encarecem toda a economia”, salientou Juvandia.

Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o objetivo do ato foi mostrar o quanto uma taxa elevada de juros prejudica toda a atividade econômica e o trabalhador. “Esse debate que fazemos é uma maneira de deixar isso claro.”

Sinalização positiva – Reduzir os juros agora, afirmou, já seriam uma sinalização para o setor produtivo e também para o mercado de consumo. “Isso influencia a decisão das empresas.” A Força não apoia, ao menos explicitamente, a demissão de Campos Neto. “O presidente da República tem que fazer sua pressão. O que nos interessa é a redução (da taxa)”, disse Juruna.

O ato diante da sede do BC na Paulista começou por volta das 10h. Uma hora depois, chegaram representantes de movimentos sociais, fechando duas pistas da avenida, no sentido Consolação. Um cavalo de troia fazia referência a Campos Neto. Na calçada, sindicalistas assavam sardinhas, para ironizar os “tubarões” do sistema financeiro.

Poucos ganham – “Só quem se beneficia é uma parcela pequena, que ganha dinheiro com a dívida pública”, disse o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (Umes), Lucas Chen. Também participou do ato a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz.

Pela Intersindical, o secretário-geral, Edson Carneiro, o Índio, chamou a atual política de juros de “bolsa-sanguessuga”, um “programa de transferência de renda” da população para o sistema financeiro. E o presidente da CTB, Adilson Araújo, afirmou que esta “provavelmente é uma das principais lutas a serem travadas neste início de governo”. Ao seu lado, o secretário-geral da UGT, Francisco Canindé Pegado, pediu a demissão do presidente do Banco Central.

A pressão pela redução também vem do governo. O presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, além de vários ministros, já defenderam o corte.

O deputado federal, Lindberg Farias, do PT do Rio de Janeiro, disse que a Câmara dos Deputados vai votar nesta quarta um requerimento para convocar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para explicar a taxa de juros no Brasil.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador

Informações: Rede Brasil Atual e Agência Brasil

 

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