O Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou em 2023 a estimativa de 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Entre os 21 tipos de câncer incidentes no país, o de mama se encontra como o segundo mais diagnosticado, atrás somente do câncer de pele não melanoma.

A informação alerta para a importância do diagnóstico precoce e realização de exames para identificação inicial do tumor. Embora a mamografia seja a principal forma de triagem populacional para o problema, a ultrassonografia também é indicada em alguns casos. Segundo o médico radiologista e especialista em ultrassonografia do Grupo São Lucas, Luiz Labadessa (CRM 69436), o exame é indicado principalmente para pacientes antes dos 40 anos que têm alteração clínica palpável, ou parentesco de primeiro grau com mulheres já diagnosticadas.

Ele explica que mulheres mais jovens tendem a ter uma mama densa, com grande quantidade de tecido glandular e pouca gordura, absorvendo muito a radiação e não criando contraste. Na ultrassonografia, a imagem obtida através do som possibilita melhor a identificação de lesões e nódulos.

“O mais importante a se observar em um nódulo é o contorno, a margem dele. Nódulos que têm a tendência de ser lisos, com maior eixo paralelo ao plano da pele, tendem a ser benignos. As lesões que são irregulares, espiculadas, indicam maior agressividade e a probabilidade de estar invadindo os tecidos em voltaA primeira possibilidade do exame é tratar-se de alteração benigna e a segunda é ter uma lesão que precisa de biópsia”, detalha.

A ultrassonografia conta com seis classificações do achado de imagem, o BI-RADS, acrônimo para Breast Imaging-Reporting and Data System, no qual a suspeita de nódulo maligno e necessidade de biópsia começa a partir do BI-RADS 4. A classificação 5 denomina um nódulo altamente suspeito com necessidade de segunda biópsia, caso a primeira dê resultado benigno, já a 6 se concentra em um diagnóstico  já estabelecido de câncer de mama, com necessidade de acompanhamento, por exemplo exame durante período quimioterapia antes de intervenção cirúrgica para retirada do nódulo.

As classificações de BI-RADS 0 são inconclusivas, necessitando de complemento de imagem, BI-RADS 1 diagnostica nenhuma lesão, BI-RADS 2 caracteriza lesão tipicamente benigna e BI-RADS 3 provavelmente benigna, com acompanhamento de ultrassonografia no período de 6 meses, 1 ano e 2 anos. Após isso, se a lesão não alterou tamanho ou contorno, é considerado BI-RADS 2.

“A maior parte do que indicamos biópsia não é câncer, às vezes são alterações inflamatórias, de displasia, que podem ter atipia ou não e merecem até ser tiradas porque têm o potencial de evoluir para malignidade. Podemos ter também lesões tipicamente benignas, por exemplo uma fibroadenoma, que é o nódulo benigno mais comum na mama de paciente jovem, abaixo de 40 anos”, complementa.

O médico reforça que a campanha Outubro Rosa está diretamente ligada com a importância do acompanhamento ginecológico regular, estimado no período anual, para controle das lesões de intervalo. Durante a pandemia, a necessidade de interromper as consultas de rotina fez com que as incidências de câncer de mama em estágio avançado aumentassem.

“As pacientes precisam se conscientizar sobre a importância de uma rotina ginecológica, de conhecer o próprio corpo, e aí a palpação dos seios é importante nesse sentido, mas não pode isentá-la de procurar um médico. A palpação pode auxiliá-la na hora de procurar uma alteração, sem transferir muita responsabilidade para a paciente, porque esse diagnóstico não é dela, mas conhecer o próprio corpo é importante. A rotina é essencial para o diagnóstico precoce e possibilidade maior de cura. Quanto mais cedo fazemos o diagnóstico, menos agressivo é o tratamento e maior o resultado”, conclui.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador

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