A população autodeclarada negra (preta ou parda) representa 31,55% da população de São José do Rio Preto. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e integram o Censo 2022. Há 12 anos, os pretos e pardos eram 22,13% dos habitantes do município. O total de pessoas que se declaravam pretas ou pardas em 2010 foi de 90.334; em 2022, de 151.581, um salto de 67,8%.
O aumento representa um avanço na conscientização das pessoas sobre raça e etnia, o que não elimina os desafios, principalmente no quesito racismo estrutural. A luta antirracista é de toda a sociedade e deve ter adesão do poder público, instituições, sociedade civil e setor privado. A Prefeitura, por meio da Secretaria da Mulher, Pessoa com Deficiência e Igualdade Racial, mantém serviços voltados à população negra e indígena, como o SOS Racismo, Balcão da Equidade, grupos reflexivos, oficinas informativas, acolhimento de imigrantes, etc.
“As políticas públicas fortalecem a comunidade afrodescendente em São José do Rio Preto. É uma reparação histórica em busca de uma sociedade com equidade, para começar a ressarcir séculos de injustiças e desigualdade”, afirma a secretária Maria Cristina de Godoi Augusto. “(esse aumento da população autodeclarada negra) quer dizer que estão buscando entender mais sobre suas origens e ancestralidade e isso aumenta a força para o combate ao racismo e à discriminação”, complementa a responsável pelo Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Depir), Márcia Grassiano.
A presidente do Conselho Municipal Afro (CMA), a advogada Claudionora Elis Tobias, afirma que os números são resultado de uma série de fatores, entre os quais as políticas afirmativas. “Isso é resultado de um movimento da nossa sociedade, que passou a valorizar sua origem histórica. As pessoas negras passam a se enxergar como supervisores, líderes, doutores, engenheiros. Muitas vezes, as pessoas negras não tinham acesso nem ao ensino fundamental.”
Serviços
O Depir mantém serviços como o SOS Racismo, canal para denúncia de racismo e injúria racial que oferece apoio psicossocial e jurídico às vítimas, e promove ações como o lançamento do Guia de Orientação para Denúncias de Racismo e Intolerância Religiosa. Os grupos reflexivos e oficinas informativas sobre questões étnicas e de igualdade racial acontecem o ano todo, assim como o auxílio à população negra, indígena e de comunidades tradicionais na busca de capacitação profissional e de colocação ou recolocação no mercado de trabalho.
“Lembrando que o racismo e a injúria racial são crimes imprescritíveis. Então, se aconteceu há algum tempo e a pessoa só teve acesso agora ao SOS Racismo, pode entrar em contato que será atendida por uma equipe capacitada para esse tipo de demanda”, orienta Márcia. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 17h00, por meio do telefone (17) 3234-3283, que também é WhatsApp. Caso haja necessidade, profissional acompanha a vítima na unidade policial, para registro de boletim de ocorrência, ou na defensoria pública.
O SOS Racismo fez, de janeiro a outubro deste ano, 184 atendimentos. Já os grupos reflexivos registraram, de janeiro a novembro, 779 participações, e as oficinas informativas impactaram 103 pessoas, nos 11 primeiros meses deste ano.
“Um dos maiores desafios do Depir tem sido levar ao conhecimento das pessoas o que é racismo, o que é discriminação e preconceito, pois o racismo estrutural está aí”, afirma Márcia. Um dos pilares do CMA é investir em letramento racial no município. “Esses números do IBGE nos indicam também que a luta antirracista deixa de ter um lado político e passa a ser de toda a população. Portanto, o letramento racial é uma das pautas mais importantes do nosso biênio, pois é ferramenta por meio da qual pessoas negras e brancas passam a entender a estrutura em que vivemos e passam a trabalhar juntas, na reconstrução de uma estrutura paritária”, afirma Claudionora.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador
com informações e foto SMCS