O ceratocone é uma doença de caráter genético que afeta a estrutura ocular que se chama córnea, a qual é fina e transparente e situada na superfície anterior do globo ocular. Quando afetada pela doença, tem um aumento da sua curvatura habitual e um afinamento progressivo, lembrando o formato de um cone.
A oftalmologista Miriam Alves Ferreira, especialista em Córnea do Horp (Hospital do Olho Rio Preto), explica que a doença é pouco conhecida, mas bastante frequente. “Sem informação e preocupação com prevenção, as pessoas podem não perceber que possuem a doença, pois ela aparece discretamente, podendo ser facilmente confundida com outros problemas que afetam a visão, como a miopia ou astigmatismo”.
Os sinais mais característicos do ceratocone é a perda progressiva da visão, que vai se tornando borrada e distorcida, tanto para perto quanto para longe, sensibilidade à luz e irritação nos olhos.
A especialista reforça que a incidência é maior entre pessoas com 13 a 25 anos de idade, mas pode acometer todas as idades. “O hábito de coçar muito os olhos pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da doença. Além disso, os filhos de portadores do ceratocone também devem ficar mais atentos, pois o histórico familiar também é um fator de risco”, salientou Mirian.
Embora não tenha cura, a doença possui tratamento, assegura a oftalmologista também especialista em Córnea do HORP, Thaís Shiota Tanaka Chela. “Durante todo o mês, a campanha Junho Violeta é, especialmente, para alertar sobre a conscientização e prevenção do ceratocone, pois com o diagnóstico precoce, temos mais alternativas para o seu tratamento e com resultados mais positivos para a visão do paciente”, destaca Thaís.
O diagnóstico é feito por meio de um exame oftalmológico e, na maioria das vezes, o problema pode ser solucionado utilizando óculos, lentes de contato ou cirurgia para estabilizar e reduzir a deformidade da córnea.
Quando há a progressão, o Crosslinking pode ser realizado. É um procedimento que expõe a córnea a uma combinação de radiação ultravioleta (UV-A) e vitamina B2, fortalecendo toda a sua estrutura.
Nos casos em que a doença está mais evoluída, o indicado é o implante cirúrgico de anéis intracorneais ultrafinos, que funcionam como um esqueleto que remodela e diminui a curvatura da córnea. Em último caso, existe a possibilidade do transplante de córnea, que consiste na substituição de toda ou de parte da córnea.
“Mantenha suas consultas de rotina em dia, evite coçar os olhos e cuide da sua visão”, finaliza a especialista.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações Assessoria Horp