Cerca de 537 milhões de adultos em todo o mundo têm diabetes, segundo dados da 10ª edição do Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation (IDF), publicada em dezembro de 2021. Este número vem aumentando continuamente – em 2014, eram cerca de 422 milhões de pessoas com a doença – e , portanto, podemos dizer que o diabetes é um desafio global significativo para a saúde e o bem-estar de indivíduos, famílias e sociedades.
A médica endocrinologista do Hospital Sírio Libanês, Denise Iezzi, especialista em diabetes, comenta que cuidar da doença com dedicação e compromisso pode evitar consequências graves para os pacientes como amputações de membros, insuficiência renal, ataques cardíacos e acidente vascular cerebral. “Muita gente brinca com a doença. Não leva à sério. Vejo muitos pacientes com resistência aos cuidados, pois não é fácil renunciar a alguns prazeres alimentares, fazer atividade física constante e por aí vai… No entanto, se o paciente seguir uma dieta saudável, fazer exercício, evitar o uso de tabaco, será possível prevenir ou retardar o diabetes tipo 2”, afirma Iezzi, complementando que “a doença pode ser tratada e suas consequências evitadas ou retardadas com medicamentos, exames regulares e tratamento de complicações”.
Para a empresária Thais Victer, 40 anos, a diabetes não é um problema, pois ela segue muito bem as recomendações médicas. “Acho que a doença me fez ser uma pessoa melhor, pois atualmente me cuido muito mais do que me cuidei a vida toda”, conta Thais, que descobriu a diabetes tipo 2 no início deste ano. “Desde que soube que era diabética, comecei a fazer acompanhamento médico, não só com endócrino, mas com outros especialistas para evitar complicações. Cortei o açúcar, faço atividade física todos os dias e busco muita informação sobre a doença para aumentar minha qualidade de vida”, conta.
Denise Iezzi reforça que informação/conhecimento é vida e chama a atenção para o que a Thais comentou. “Estudar sobre a diabetes, manter o seu médico informado dos seus hábitos e aceitar a doença são atitudes que, sem dúvida alguma, ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente”, ensina a médica.
Existem alguns tipos de diabetes: tipo 1, que é causada pela destruição das células produtoras de insulina, em decorrência de defeito do sistema imunológico em que os anticorpos atacam as células que produzem a insulina. Ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos. Tipo 2, que resulta da resistência à insulina e de deficiência na sua secreção. Ocorre em cerca de 90% dos diabéticos. E há ainda a diabetes gestacional, que é a diminuição da tolerância à glicose, diagnosticada pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o parto. Sua causa exata ainda não é conhecida.
“Para cada caso, seguimos um protocolo diferente, obviamente. É preciso iniciar o tratamento o mais rápido possível e sempre digo que o acolhimento humanizado é fundamental na compreensão da doença”, lembra Iezzi, que costuma demorar mais de uma hora nas consultas com seus pacientes. “Acho que esse carinho e atenção são muito importantes para que o meu paciente siga firme no tratamento e a gente tenha sucesso juntos, mais do que numa relação apenas médico/paciente e sim, amigo/paciente”, salientou a médica.
Diabetes em crianças – O desafio é ainda maior quando a doença acomete crianças. “É preciso que toda a família se empenhe nos cuidados, se comprometa a ajudar e acolher os pequenos, pois eles não têm a menor noção dos riscos da diabetes. Por conta disso, a doença deve ser uma preocupação familiar”, alerta Denise Iezzi, acrescentando que as crianças e adolescentes são os mais atingidos pela diabetes mellitus do tipo 1 (DM1), que representa uma das doenças crônicas mais comuns da infância. Aproximadamente 20 de cada 100.000 crianças e adolescentes podem desenvolver DM1 a cada ano.
Segundo Denise Iezzi, trata-se de uma doença delicada cujo pico costuma ocorrer aos 16 anos de idade e envolve toda a família, pois ela ‘recruta’ pai e mãe do adolescente ou criança na educação dos hábitos necessários para ser controlada.
Hoje, há até uma definição para as mães de crianças com diabetes: “Mãe Pâncreas”. O termo é utilizado para se referir às mulheres que precisam auxiliar seus filhos com diabetes tipo 1. Iezzi diz que por ser uma doença crônica não transmissível na qual o pâncreas não produz insulina suficiente, essas mães acabam fazendo uma parte essencial do papel do pâncreas ao administrarem a insulina em seus filhos.
Existem grupos em redes sociais que reúnem familiares que trocam informações sobre a doença, estudos e experiências para aumentar o conhecimento e poder tratar a diabetes nos filhos de forma mais adequada, pois, segundo Denise Iezzi, “receber o diagnóstico de que seu filho precisará tomar medicamento injetável para o resto da vida é uma notícia que causa impactos e, portanto, é necessário reorganizar a própria vida para que a atenção fique ainda mais focada na saúde da criança”.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações lam. Comunicação