O Anfiteatro Nelson Castro, localizado às margens da Represa Municipal, ficou lotado na tarde do último domingo (20) durante o Festaxé, evento que celebrou o Dia da Consciência Negra, a diversidade e a luta contra o racismo.

Promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura de Rio Preto, o evento teve a participação de 23 casas e comunidades de matriz afro-brasileira local. O Festaxé contou com recursos do edital Tradição SP, pelo Programa Juntos Pela Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, do Governo de São Paulo. Teve apoio da FederAfro, Conselho Municipal Afro, Conselho Municipal de Políticas Culturais de São José do Rio Preto e Abratu – Associação Brasileira dos Terreiros de Umbanda. O projeto foi concebido, escrito e dirigido por Jorge Vermelho, assessor da Secretaria de Cultura.

Para a Yá Paula Daniela de Xangô, o evento é um marco para a cultura afro-brasileira em Rio Preto e uma forma de mais gente conhecer. “É uma gratidão muito grande, estarmos todos aqui reunidos para comemorar este grande evento que não é só um dia, mas o ano todo. E mostrar que nossa religião, nossa cultura não é um bicho-de-sete-cabeças, não é o bicho-papão que muitos pregam. É amor, é respeito, é diversidade, é música, dança, culinária, fé”, celebrou.

Festaxé – O evento foi aberto com falas do representante da Umbanda, Pai Deivid de Ogum; do Candomblé, Táta Dioze; do Conselho Afro, Denise Maria (vice-presidente); do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), Rodolfo Kfouri (presidente), de Lila Santiago, da cadeira Cultura Negra e Indígena do CMPC e do Secretário de Cultura, Pedro Ganga.

O prefeito Edinho Araújo (MDB) participou de diversas atividades da programação e frisou a importância do respeito à cultura e a diversidade do povo negro e suas manifestações. “É um encontro da celebração, do respeito, do combate ao racismo e ao preconceito. É uma forma de unir as pessoas, dar espaço às manifestações culturais diversas e promover um ambiente de respeito e convivência”, destacou.

O secretário de Cultura, Pedro Ganga, disse que esse evento era um sonho desde antes da pandemia e que o comparecimento em massa da comunidade e da população prova o anseio por essa expressão da diversidade cultural de Rio Preto. “A cidade é um celeiro da cultura afro-brasileira e é uma satisfação abrirmos espaço para estas manifestações. Que seja o primeiro de muitos”, comemorou.

Sete ekedes, sete crianças e três cantigas apresentadas Jileqwê, cantor, bailarino e Assogbá da Casa do Mensageiro, de Barra de Pojuca/BA e ogans abriram as apresentações com o ritual de licença a Exú/Njila, que também visava desmistificar a entidade, que sobre preconceito ao ser taxada como um demônio, o que não é.

Na sequência, Pai Deivid de Ogum cantou o Hino à Umbanda, acompanhado pelos Ogans/curimbeiros e Táta Makulandê, foi chamado para cantar o Hino ao Candomblé – Nação Angola, acompanhado pelos curimbeiros. Para encerrar a apresentação dos hinos,  Jileqwê, convidado de Salvador, Bahia, trouxe o Hino ao Candomblé – Nação Ketu, acompanhado pelos ogans.

As tendas das casas de matriz-africana foram abertas para receber o público com diversas manifestações culturais, religiosas, gastronômicas e artísticas. Havia comidas, banhos de ervas, vestuários, acessórios, dentre outros atrativos.

Houve ainda apresentação de Capoeira do Centro Cultural Besouro Cordão de Ouro, do Contra Mestre Lagartixa, que comemorou neste fim de semana os seus 26 anos na arte. Estiveram presentes dois mestres vindos de São Paulo: Mestre Meinha e Mestre Caco Veio e o Mestre Ceará, de Rio Preto. A contadora de estórias Dani Ribeiro entreteve crianças e adultos com a contação “As Férias Fantásticas de Lili”.

Após a contação, houve uma apresentação dos tambores de diferentes formas, origens e ritmos, conduzida por Jileqwê e com o acompanhamento dos músicos Ilson Ribeiro e Rafael Canossa, junto com os clarins. Para quem nunca visitou uma casa de matriz afro-brasileira, o evento proporcionou uma breve demonstração de como é uma gira de Umbanda, um xirê de candomblé, com cantigas das nações Angola e Ketu.

Ao final, o FestAxé presenteou as águas com flores brancas, num gesto de pedido de paz, união e respeito pelo que é diverso, plural e genuíno; pelas diferentes culturas que formam pessoas diversas da mesma cidade. O evento foi encerrado com um Samba de Roda.

Tradição SP – Rio Preto, por meio de projeto inscrito pela Secretaria Municipal de Cultura, foi contemplada este ano com o edital Tradição SP, que consiste no apoio a ações culturais relacionadas a festas, celebrações, festivais, feiras e demais eventos que valorizem a cultural local, as identidades regionais e/ou a história dos municípios do Estado de São Paulo. Foram contemplados 100 municípios com a realização de um evento por cidade. Rio Preto foi premiado com o projeto do FestAxé, na categoria Manifestações Culturais populares e/ou tradicionais.

Sobre o programa – O programa Juntos pela Cultura visa estreitar a parceria entre o Governo do Estado e as Prefeituras na área cultural, fortalecer a produção independente, ampliar o acesso da população à arte, descentralizar o investimento público na área e estimular o desenvolvimento da economia criativa de São Paulo. A gestão e produção do programa são da Amigos da Arte. Foram 16 chamadas públicas, sendo nove para prefeituras, seis para artistas e uma para organizações da sociedade civil e coletivos culturais. Há quatro linhas inéditas e o retorno do apoio a atividades em formato presencial.

Casas afro-brasileiras – Participaram do evento as  seguintes casas/instituições de matriz afro-brasileira de Rio Preto: Casa de Caridade Vó Ana, Terreiro de Umbanda de Angola Pai Antonio das Almas e Cacique Pena Branca, Ilê Axé Ewé Tubí Caboclo Folha Seca (Ewé Tubí); Associação Espírita de Umbanda Tenda Pai João de Aruanda, Tenda de Umbanda Ogum Rompe Mato e Seu Marabô, Tenda de Umbanda Caboclo 7 Pedreiras (Axé Santa Edwirges), Ilê Asé Ifaconilê, Asé Odé Balô – Casa Das Águas, Nzó Nkisi Nkosi Kambilesi, Ilê Axé Apáoká, Ilê Oyá Akare Biadê Asé Odé Kobyfá / Tenda de Umbanda Cabocla Jupiara (Asé Cavalari), Ilê Àsé Abi Ajagunã (Casa Afro De Candomblé), Babá Jagun Lat (Uelber), Associação Espírita Senhora Dos Ventos, Ilê Axé Alaketu Yá Odo Odé Ty Inã (Asta – Associação Terra Do Amanhecer),  Tenda de Umbanda Pai João de Quilombo e Cacique Pena Roxa (União da Fé), Casa de Axé Cabocla Jussara e Pai Preto de Angola, União Espírita de Umbanda Cacique da Mata Virgem, Centro de Amor e Caridade Estrela Matutina, Templo De Umbanda Pai Ogum Xoroque e Cigano Martinez, Tenda de Umbanda Caboclo Cinco Estrelas, Ilê Asé Oyá Aféfé Ti O Dará, Inzo Muxima in Dandalunda – Táta Makulandê, Ilè Alafia Àyán Ìwòríwòfùn –  Templo da Estrela Verde, Babalayan Ocholí Obashanan Ayankawô.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações SMCS

 

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