O novo single do D’ água Negra, Escárnio, anuncia a chegada do primeiro álbum, “Escárnio” estreia em todas as plataformas digitais nesta sexta feira, 21 de julho. A faixa revela o lado B do trio, um percurso próprio que mostra a rápida evolução orgânica no seu processo de criação. No auge da indústria do vinil, o lado A dos discos era destinado às músicas mais comerciais dos artistas, enquanto no lado B se concentravam as mais alternativas e autênticas. Na visão de alguns deles, seus melhores trabalhos estavam ali. Ouça: D’água Negra – ESCÁRNIO (bfan.link)

Ao compor Escárnio, a primeira criação após a pandemia, o trio de vocalistas Bruno Belchior, Clariana Arruda e Melka Franco beneficiou-se do fim do isolamento social para desfrutar da possibilidade de estarem juntos, em perfeita sintonia e sedentos para expressar tudo o que foi represado.

Natural da capital do Amazonas, Manaus, o D’água Negra estreou no cenário brasileiro com o EP ‘Erógena’ no auge da pandemia de Covid-19, em 2021, lançado pelo selo Amplifica Records. Em sua essência estava o jazz como “a dramaturgia dos corpos manauaras”. O nome da banda, vale dizer, é uma homenagem ao Rio Negro, que atravessa a cidade e inspira o D’água Negra com seus mistérios e misticismo.

No EP de lançamento, o trio apresentou uma gama de influências com sinais estéticos da música negra e referências como D’Angelo e o funkster brasileiro Tim Maia, bem como breakbeat e hip hop. Ao longo das sete faixas, provocam-se sensações corporais e afetivas que mostram uma cena diversa e viva da arte e da música soul brasileira e nortista.

Já Escárnio, apesar de estabelecer uma clara conexão com o trabalho anterior do grupo e sua particular originalidade, é muito mais mundano se comparado com o onírico e metafórico ‘Erógena’, EP extremamente afetado pelo vazio e impossibilidades gerados pela escassez de trocas pessoais e pelo desolador ambiente reacionário de dois anos atrás. Escárnio, ao contrário, reflete outro momento: é uma exacerbação de sentimentos e afetos/desafetos represados.

Nascida a partir de uma necessidade urgente do contato físico, de ir para a rua e reocupar os espaços públicos, a faixa Escárnio se revela ao ouvinte sem subterfúgios, entregando um papo reto. “Sem nada, descalça/Na beira, sarjeta/ Sujeira no meu lugar/Cuspida de escárnio/Esculpida no asfalto /À esquerda dentro do bar ”.

Se por um lado viver na região Norte do Brasil traz o privilégio de ter um exuberante cenário natural  por perto e uma herança cultural incrível e diversa,  por outro também significa estar inserido em uma sociedade que tende a preservar valores mais conservadores e discriminatórios, incluindo homofobia, tão presente em todo o país que, vergonhosamente, é reconhecido no mundo pela violência contra a população LGBTQIAP+. É desse lugar de fala que o grupo parte para reivindicar uma mudança.

Escárnio é um grito de silêncio – Nas palavras de Bruno, “Escárnio é um grito de silêncio, é implodir em formato de música. É, em todos os sentidos, um grito de liberdade, um manifesto coletivo que dá voz para quem cansou de ser forçado a uma existência marginal”.

A melodia segue a mesma pegada. Enquanto ‘Erógena’ apresenta uma mistura de elementos eletrônicos com soul e jazz, numa experiência sensorial e quase etérea, Escárnio vem com uma potência mais densa.  Cantada na atmosfera nostálgica e acelerada do breakbeat e drum and bass do final dos anos 1990, a faixa vem quente. “É o retorno dos afetos complexos na pista de dança como o duo britânico Everything But The Girl, e a sagacidade brasileira encontrada nas músicas do DJ Marky e da banda Kaleidoscópio”, contou Bruno.

Abrindo caminho para o lançamento do primeiro álbum do D’água Negra, Escárnio chega às plataformas digitais após o mês da diversidade,  celebrando  a inclusão e o direito de sair da marginalidade, de gritar, debochar, ser livre.  “É preciso gritar e escorrer nossos afetos, pensar estratégias de sobrevivência, abrir cada vez mais espaços de diálogo afetivo e não deixar o sentimento da raiva se perder por uma falsa sensação de vitória, pois o caminho ainda é longo e árduo”, concluiu Bruno.

FAÇA JÁ O PRÉ-SAVE

Ouça o novo single “Escárnio”, assista ao videoclipe e se deixe levar pelos mistérios do Norte do Brasil.

Escárnio – Ficha Técnica

Produção musical: D’água Negra

Coprodução: Daniel Brita

Arranjos: D’água Negra

Produção executiva: Amplifica Records

Beats: Clariana Arruda, Daniel Brita

Engenharia, edição mixagem: Jeferson Sousa (Jotamusic studio)

Mastering: Bruno Belchior (Vocal), Clariana Arruda (Vocal), Melka Franco (Vocal),

Matheus Simões (Bateria), Christofer Santos (Saxofone tenor e soprano, Soprano Saxophone e flauta transversal), Anderson Farias (Rodes), Erick Omena (Prophet).

Raissa Carvalho (backing vocal)

Luli Braga (backing vocal) 

Videoclipes 

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Erógena

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Estilo: Jazz/Soul
Territórios: Mundo
Disponibilidade: Ao longo de 2023

Tripulação: 8 pessoas

Da Reportagem Jornal do Trabalhador

Com informações assessoria

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