O número de cirurgias bariátricas cresceu 22,9% em 2022 comparado a 2019, um ano antes da pandemia. No ano passado, segundo dados compilados pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), foram realizados 74.738 procedimentos, enquanto em 2019, foram 53.087.
Os dados somam cirurgias bariátricas realizadas por convênios médico, particulares e SUS (Sistema Único de Saúde). Pelo SUS, no entanto, o ritmo está 54,8% abaixo de antes da pandemia. Em 2019, foram realizadas 12.568 cirurgias pela rede pública. Já em 2022, este número foi de apenas 5.923 procedimentos.
Em 2021, foram realizadas 63.016 cirurgias bariátricas no Brasil, sendo 57.152 pelos planos de saúde, 2.864 pelo SUS e cerca de 3 mil particulares. No ano anterior, 2020, foram 52.715 cirurgias, com 46.437 pelos planos de saúde, 3.768 pelo SUS e 2.510 particulares.
Os números são preocupantes. Se levarmos em consideração o número de cirurgias realizadas pelo SUS e o número de pacientes com indicação para o procedimento no Brasil, veremos que apenas 1,5% da população elegível está sendo operada.
“Vivemos uma epidemia de obesidade e, infelizmente, a cirurgia bariátrica não está disponível a todos. Precisamos ampliar o acesso ao procedimento, ao mesmo tempo em que devemos desenvolver políticas públicas de prevenção à obesidade”, destaca o cirurgião bariátrico Admar Concon Filho. “A obesidade é uma doença sem cura, mas com tratamento. É uma doença grave, não é desleixo. Ela agrava e causa outras doenças que podem levar à morte, além de impactar diretamente a qualidade e a expectativa de vida”, completa o médico.
Dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) apontam um crescimento de 15,4 pontos percentuais nos índices de obesidade entre 2010 (16,48% da população) e 2022 (31,88% da população). As previsões também são pessimistas. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, produzido pela World Obesity Federation (WOF), a obesidade deve atingir 41% da população brasileira até 2035.
“Pessoas obesas devem procurar tratamento médico. Temos tratamentos clínicos, endoscópicos e cirúrgicos para a perda de peso. Mas todos exigem mudanças de hábito do paciente. Não há milagres, apenas ferramentas para ajudar no emagrecimento”, afirma Concon.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador
com informações Capovilla Comunicação_foto_Divulgação