Os adolescentes que estão se preparando para o vestibular, pertencem em grande parte, à leva de nascidos a partir dos anos 2000, os chamados geração Z. A geração anterior, chamada de geração Y ou Millennial, são pessoas nascidas a partir de 1981 e, acredite, já existe um abismo geracional entre essas duas realidades. Uma pesquisa realizada pelas universidades de Cardiff, Edimburgo e Bristol, no Reino Unido, comprovou que a geração Z apresenta sintomas de ansiedade e depressão mais cedo e por mais tempo do que há dez anos. A pesquisa foi realizada reunindo dois grupos com 10 mil pessoas da geração Millennial e quase 18 mil pessoas da geração posterior.
O resultado: indivíduos da geração Y mantiveram uma estabilidade emocional até bem depois do início da adolescência, enquanto a geração nascida após o ano 2000 começou a apresentar desafios emocionais a partir dos 9 anos. Dessa forma, faz-se cada vez mais necessário frisar o cuidado com a saúde mental desses jovens, principalmente em um período tão delicado como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as provas do vestibular.
Pensando nisso, especialistas do Guia da Alma, plataforma de soluções de saúde mental para pessoas e empresas, dão 5 dicas de ouro para ajudar concurseiros neste momento:
Dica 1: Faça práticas de bem-estar, como meditação e yoga
Sabia que a meditação e yoga são capazes de mudar a química cerebral, promovendo hormônios do bem-estar e a quebra de sensações da ansiedade? Isso acontece porque no momento em que estamos meditando e alongando, focamos na respiração. As respirações, nessas práticas, normalmente são profundas e conscientes. Cenira de Fátima Vieira, terapeuta na plataforma Guia da Alma, especialista no comportamento das novas gerações, ensina: “Uma dica é inspirar 4 segundos, pausar por 2 segundos e soltar o ar por mais 4. Realizando a respiração dessa maneira, nosso corpo manda uma mensagem imediata para o cérebro sinalizando tranquilidade.” Além disso, a prática constante focada na respiração produz endorfina, considerado um antídoto ao cortisol (famoso hormônio do estresse).
Dica 2: Diminua o tempo com telas
Você sente culpa e ansiedade quando não consegue responder às suas notificações imediatamente? Isso foi o que comprovou um artigo de 2022, publicado pela Escola de Epidemiologia e Saúde Pública, do Instituto de Ciências Médicas Datta Meghe, na Índia. Segundo a pesquisa, as pessoas se sentem pressionadas quando não dão atenção ao celular na hora que ele chama, enfrentando altos níveis de ansiedade quando interrompem o acesso à internet. O resultado disso, nos jovens, é ansiedade noturna, sono inadequado, e uma angústia em perder novas informações. Essas sensações, portanto, não parecem muito recomendadas em um momento como o período do vestibular, certo? “O excesso de informações, aliado à dependência tecnológica, também pode sobrecarregar e gerar mais ansiedade”, segundo Thamiris Begoti, psicóloga da Guia da Alma. O indicado é limitar o tempo em aplicativos, ter cuidado com fake news e participar de atividades offline.
Dica 3: Organize sua rotina pré e durante vestibular
A ansiedade envolve uma sensação de apreensão, nervosismo ou preocupação em relação a eventos futuros ou incertos. É a falta de certeza de que algo dará certo que nos coloca em estado de alerta para alguma situação. A organização pode ser o segredo para diminuir esse sentimento de incerteza e te dar uma sensação de controle, diminuindo a ansiedade. “Para isso, mantenha o foco. Tenha hábitos regulares de sono. Mantenha sua mesa de estudos organizada. Essas são formas de organizar sua mente também.” Comenta, Cenira. A partir disso, trace estratégias para se sentir preparado para a prova. Você pode criar uma planilha com uma rotina de simulados e provas para serem feitas antes do vestibular. Essa prática pode te ajudar a ter uma gestão de tempo mais eficaz durante a prova, reduzindo medos.
Dica 4: Tenha apoio profissional
Uma pesquisa da UNICEF e Viração Educomunicação com 7,7 mil jovens entre 15 e 17 anos, mostrou que 35% sentiam-se ansiosos, porém 40% não recorreram a ninguém. Entre os motivos estão a insegurança e medo do julgamento, desistência de buscar ajuda ou a falta de informação sobre quem procurar. A fase da adolescência costuma ser um período delicado e repleto de mudanças. O apoio terapêutico, nesse momento, pode ser muito benéfico para o fortalecimento emocional. Busque ajuda! “O apoio do terapeuta é fundamental em momentos delicados como esse. Com formação qualificada, o profissional ensinará técnicas específicas para gerenciar ansiedade e ferramentas emocionais para lidar com o estresse. Da mesma forma, o terapeuta ajuda a reconhecer pensamentos negativos, oferecendo suporte emocional para enfrentar desafios de forma mais tranquila.” Explica Rodrigo Roncaglio, fundador da Guia da Alma, onde você pode encontrar terapeutas para ajudar.
Dica 5: A espera do resultado pós-vestibular: saiba que você deu seu melhor!
Seguiu as dicas acima e realizou a prova tranquilamente? Comemore! Você já se esforçou, já se preparou e agora é só aguardar o resultado. “Encontre maneiras produtivas de se distrair para desocupar a mente da ansiedade da espera. Você pode praticar algum hobby que você gosta ou praticar exercícios, como meditação e yoga.” Relembra, Cenira de Fátima. Lembre-se: não se compare com outras pessoas, pois cada um tem a sua jornada e tempo de conquistas. E caso você não passe, saiba que o resultado de uma prova de vestibular não define seu valor como pessoa. Isso não define toda sua jornada. Você terá mais oportunidades e escolhas. Sucesso acadêmico é apenas uma parte da vida e não a única medida de realização.
Extra: dica para pais e mães
A comunicação entre pais e filhos deve ser aberta, sempre. O julgamento deve ser substituído pelo encorajamento em falar sobre os sentimentos de modo geral, tanto sobre a escolha de carreira, quanto outras decisões mais importantes. Dessa forma, os pais devem demonstrar respeito e apoio às escolhas dos filhos, sem expectativas irreais. Esse apoio é o mais importante, pois ajuda a criar um ambiente que seja benéfico ao jovem, seja para estudar ou para se expressar.
Da Reportagem Jornal do Trabalhador
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